Oh! Que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida, que os anos não trazem mais! Calma! As lembranças de infância não precisam ser tão melancólicas como escreveu Casimiro de Abreu, no poema "Meus Oito Anos". Brincadeiras, primeiro beijo, o bolo que só sua avó sabia fazer... Todo mundo tem lembrança de quando era criança.
sábado, 19 de março de 2011
segunda-feira, 26 de julho de 2010
ANOS 80 - EM BUSCA DA DÉCADA PERDIDA
sábado, 24 de julho de 2010
Caverna do Dragão
Princesa dos Cabelos Mágicos
Cavalo de Fogo - Abertura
Rock Brasil - Anos 80
O começo dos anos 80 não foi nada propício para o rock.
Tudo de bom nos anos 80
Por Roger dos Santos *
Recordar as memórias da infância e da adolescência é, com certeza, algo muito prazeroso. Relembrar momentos de nossas vidas que ativem na memória lembranças de como nos divertíamos quando jogávamos vídeo-game ou que fantástico é, ao ouvir aquela música dos anos 80, lembrarmos do primeiro beijo, da primeira namorada, de quando nosso time foi campeão, ou enfim, daquele seriado de TV que marcou a fase mais inocente da vida.
A respeito dos anos 80 não é curioso como esta fase de nossas vidas, e automaticamente do mundo está vindo à tona agora?
A TV de hoje mostra seriados dos anos 80, as rádios reproduzem músicas do mesmo período, diga-se de passagem, auge do POP/Rock mundial. No cinema, vemos um recrudescer dos mitos de antigamente, como Homem-Aranha, Batman (que estréia na telona agora, junho de 2005) e até o Super Homem dará o ar de sua graça ainda este ano. Todo este pacote além do superconsagrado Star Wars, de George Lucas. Para falarmos da mídia impressa, temos como ícone da nostalgia a revista Flashback e no relançamento literário-cinematográfico "O Senhor dos anéis", há décadas esquecido nas prateleiras e que ressurgiu como uma verdadeira avalanche nas platéias e escrivaninhas mundo a fora.
Analisemos todas estas delícias para nossa memória. Para que isto está servindo? Diariamente somos bombardeados por toneladas de informação, seja útil, seja fútil, somos acondicionados a receber tudo aquilo que está a nossa volta. Para o leitor mais desavisado, leia-se alienado, tudo aquilo que está ligado a alguma imagem que remeta ao prazer será tido como primordial. Atualmente estamos assistindo a fatos que, embora sejam de suma importância na política, na religião, nas forças armadas, enfim, em tudo aquilo que de alguma forma modela a sociedade, vemos as pessoas mais interessadas em saber quem será a próxima modelo a aparecer no comercial de cerveja do que quais as propostas para sua vida e de todo mundo em geral.
Estamos de fato na era do entretenimento, o que para corroborar esta afirmação, temos "O Exterminador do Futuro" como governador da Califórnia. Nos anos 80 outro ator chegou ao posto de político, Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos da América. Para se olhar no final do século XX, nos anos 90 sobre a questão do entretenimento, a mega empresa de games, Nintendo, chegou a comprar um time de futebol onde a estrela era nada menos que Diego Maradona.
A "Era do Desmoronamento" citada por Hobsbawn em seu "Era dos Extremos" onde o mundo de então se desmoronava para uma nova proposta desconhecida para aqueles intelectuais de início dos anos 1990 serviu como uma obra balizadora na época na qual, em seu final, ficou a pergunta de para onde estávamos indo. O certo é que chegamos até aqui, permeando conflitos sociais, guerras internacionais, violência, enfim, um sem número de dificuldades vivido pela gente comum da cidade, anônima, que briga com as dificuldades para pagar suas contas e garantir o alimento na mesa, realidade completamente oposta da vivida por uma minoria, cerca de 5000 famílias que detém algo em torno de 40% do PIB brasileiro e com certeza não abrirão mão de tal posição como mostrado pela revista REPORTAGEM (nº 61, out/2004).
Como dizia Marx, a história nunca se repete, pois da primeira vez se dá como tragédia e na segunda, como farsa. Calcado nesta hipótese de farsa é que se lança este discurso a respeito de nossa realidade que se tenta distorcer pelas saborosas lembranças dos saudosos anos 80, onde que pra falarmos do Brasil, tivemos a visita do Papa em 1980, vivemos a redemocratização política, vimos à rainha dos baixinhos aparecer (servindo também de consolo para milhões de altinhos). Foi nos anos 80 que o povo brasileiro viu nascer um novo concorrente para a poderosa rede Globo, a TVS, futura SBT, que sob a batuta de seu proprietário, Sílvio Santos, arrebatou para si, pontos valiosos na escala do IBOPE e que, em fins da década de 80, realizava todos os sonhos desta gente sofrida através de suas "Portas da Esperança". Foi nesta famigerada década que o Brasil não galgou nenhuma copa do mundo, mas encontrou nas pistas da Fórmula 1 seu herói, um piloto de automóvel que sempre aos domingos fazia os torcedores esquecerem de uma inflação avassaladora e ao final de cada grande prêmio (ao menos grande parte deles) deixar o povo em verdadeiro deliro, crente de ali, enfiado naquele bólido, corria mais um brasileiro. Ayrton Senna se configurou como o grande herói que os construtores da República almejavam naquele final de século XIX como mostra José Murilo de Carvalho em seu "A Formação das Almas". Assim, como mostra Sérgio Buarque de Holanda em seu "Raízes do Brasil" ter saudade de uma época tão conturbada como a de hoje não faz muito sentido, porque já em nossas raízes, a desigualdade era tão eminente quanto agora. A diferença do ontem e do hoje é que éramos crianças e não sabíamos de nada disso.
A geração que está fazendo o país acontecer hoje foi criança ou adolescente nesta chamada saudosa época, onde se jogava Atari, Genius, Playmobil, Barbie, enfim, todas estas ferramentas de mercado que conjugadas a fantásticas estratégias de marketing fizeram a cabeça e o coração de meninos e meninas (e na maioria da sociedade brasileira, a insônia de tantos pais). E tudo isto aflora agora, num momento em que o mundo vê a transição Papal, de um Papa chamado mundialmente como o "Papa da Paz" para um outro membro do clero reconhecido por sua "religiosidade conservadoramente linha dura". Na outra ponta o mundo viu o famoso líder do movimento pela criação do estado palestino, Yasser Arafat, chegar ao seu fim. Some a tudo isto, duas guerras no Oriente Médio ministradas pelos democráticos Estados Unidos, sem falar nas questões de corrupção política que são constantes no Brasil e no mundo desde sempre. Todas estas questões de suma importância para os desdobramentos do mundo, infelizmente passam a margem do interesse popular. Tão contundentes quanto os exemplos já citados, temos a questão das drogas e o problema da água, que segundo os cientistas declaram, entrará em racionamento mundial dentro de duas ou três décadas.
O estudo da história torna-se fantástico quando pensamos na dominação da sociedade na já no remoto Império Romano, onde a política do pão e circo era recurso de governo para conter as massas. Após o domínio do Império romano veio a dominação, por toda a Idade Média, da Igreja Católica romana, que com fez pesar sua misericordiosa mão em todo aquele que beirasse a heresia. Num estado mais adiantado, veio a Revolução Francesa que pregava igualdade, fraternidade e liberdade - entre os juridicamente iguais e não equalizando todas as camadas da sociedade. Este é o reflexo do mundo até hoje. A péssima distribuição iguala o Brasil a sofrida Serra Leoa, oprimido país africano onde a mortalidade infantil, a miséria, resumindo, as penúrias sociais se fazem presentes em cada rosto.
Para concluir este pensamento, vemos com grande alegria as imagens de nossa infância, adolescência, finalmente tudo aquilo que nos agrada e de alguma forma nos injeta alguma cerotonina, driblando as dificuldades do cotidiano. Como diz o ditado, "relembrar é viver", de fato, porém, sem desligarmos da realidade, das questões que perpassam nossas vidas.
* Roger dos Santos é colaborador do site NetHistória.
* Artigo publicado originalmente no site do NetHistória.